Se o emprego já não é abundante, a necessidade de gerar renda não diminuiu. É preciso conquistar essa capacidade.
A trabalhabilidade tem a ver com nossa capacidade de gerar renda por meio do trabalho, não importando se há vínculo empregatício ou não. Em tempos de crise econômica, esse conceito ganha força. “A trabalhabilidade deve ser desenvolvida desde que a pessoa entra no mercado, mas, se ela já está mais avançada em sua trajetória e só agora desperta para isso, tudo bem. O que não se pode é ficar estagnado”, afirma Lucy Ditt, coach de carreiras e diretora da Virtutis.
O termo “trabalhabilidade” vem sendo usado no jargão dos negócios em substituição a “empregabilidade”, que diz respeito à capacidade do indivíduo de ser atraente aos empregadores, algo que passou a ser muito valorizado nos anos 1990 – década em que Jeremy Rifkin lançou o profético livro O fim dos empregos (ed. M.Books), alertando para a falta de qualificação das pessoas para reiniciar carreiras.
Lucy avalia: “Investir em trabalhabilidade envolve, muitas vezes, um redirecionamento de carreira e mudanças no modo como apresentamos nosso valor ao mercado. Para isso, é preciso ter um plano de ação definido e revê-lo sempre”.
Ela ressalta que o autoconhecimento é fundamental para a identificação daquilo que falta à pessoa para que seu objetivo de carreira seja alcançado. Com base nisso, então, define-se o caminho para chegar lá. Indagada sobre o papel das empresas contratantes nesse contexto, Lucy as vê como ambientes que promovem o aprendizado e o desenvolvimento de profissionais que sabem os objetivos que querem perseguir.
Carreiras em transformação – Rafael Souto, CEO da Produtive, ao comentar a trabalhabilidade em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirma que as carreiras ligadas à tecnologia são hoje as mais promissoras, mas ressalta a transformação que vem ocorrendo em carreiras tradicionais, em grande parte motivadas pela revolução digital. Por exemplo, a tradicional contabilidade transforma-se em controladoria e o marketing passa a ser digital.
O consultor não entende essas mudanças como ameaças: “Transformações em carreiras são janelas de oportunidade para os profissionais. O perigo é não fazer essa leitura”. Segundo ele, para além do emprego convencional, quem está hoje no mercado de trabalho deve abrir-se a atividades alternativas, como as de consultoria ou docência. Confirmando a visão de Souto, que recomenda criatividade, Lucy alerta que, em vez de resistir às mudanças, deve-se compreender o modo como elas podem ser vetores do alcance de objetivos de carreira.
Assista à entrevista de Rafael Souto ao Valor Econômico:
http://www.valor.com.br/video/5249702742001/quais-sao-as-carreiras-do-futuro